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Além do Tempo e do Espaço: Pina Bausch

  • Foto do escritor: Luciano Cirumbolo
    Luciano Cirumbolo
  • 3 de jul. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de set. de 2018


Os românticos dizem que se alma pudesse escolher uma forma de expressão optaria pela dança e, entre uma chuva de cores, escolheria o vermelho, para representar a vida e a paixão que tudo dela emana. É seguindo esta premissa que Wim Wenders lança o seu marcante 'Pina', criado para homenagear a coreógrafa alemã Philippine Bausch, falecida em 2009, enquanto o diretor ainda filmava inúmeras performances elaboradas para ela, as quais são apresentadas em uma película que inunda a tela e os sentidos.


O encontro de Wenders e Bausch pode ser descrito como o casamento perfeito entre dois campos da arte - o Cinema e a Dança - propiciando um campo fértil para diferentes leituras acerca do movimento do corpo e a plasticidade da psique.


Sem aprisionamentos impostos à expressão física, o diretor nos apresenta o universo da coreógrafa visto pelos olhos de seus dançarinos, a maioria de nacionalidades distintas, os quais exploram cenários naturais, marquises e grandes construções na tentativa de criar vazões que possam revelar as angústias e gozos da alma, assim como também, os incômodos e anseios do corpo em quebrar os limites do espaço, sempre relativizado e tido como transitório pelas criações de Bausch.


A intenção de Wenders foi de criar um filme em 3D que pudesse levar o espectador ao extremo, promovendo um mergulho irresistível na torrente de imagens.


Em cena, há uma mulher perdida em seus sentimentos, prostrada diante da Natureza, observando suas emoções se esvaírem como água. Ela sabe que nada será como antes.


No centro de uma grande cidade, um casal dança em meio ao caos da civilização, tentando encontrar o passo afinado que trará a harmonia ao universo dos amantes. Ela anseia por uma passionalidade. Ele não consegue olhar pela janela de sua própria alma.


Enquanto um embotamento toma conta do feminino, observamos uma mulher quebrando os limites de sua vergonha, sentindo a delícia de ser si mesma e presentificando-se perante o mundo.


Dentro de um bar, engravatados e donzelas estão inebriados pela possibilidade de vinculação. Mesmo estando disponíveis, seus sonhos e desejos nunca se encontram devido a presença da dúvida também entre os presentes.


Em uma das cenas mais interessantes do filme, uma dançarina brasileira lança seu depoimento de como percebeu a realidade sem a companhia da coreógrafa por perto, dizendo: "Pina nos deixou muito rápido, indo embora como o vento. Para representar este estado de espírito, criei uma coreografia pensando na leveza, pois Pina sempre foi leveza e inspiração".


Estes são os elementos que compõem o universo da artista, criando um diálogo entre o concreto e o impensável, entre a fluidez da água e a possibilidade de realização das vontades mais profundas do humano.


Com sua obra, Wim Wenders abre espaço para uma legítima expressão da alma, propiciando também, uma oportunidade ao espectador de encantar-se com o estilo e a verve de uma grande coreógrafa.

Fotos de Divulgação:

(1) Ditta Miranda Jasjfi

(2) Pina Bausch

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